
O Existencialismo é um conceito filosófico no qual são problematizadas as questões da existência humana. Ao contrário de outras correntes filosóficas, nas quais teorias gerais tentam explicar fatos universais relacionados à experiência do homem, o Existencialismo se debruça nas vivências e as analisa a luz da própria experiência individual. Entre outros assuntos, seu estudo se ocupa de questões como o isolamento, o adoecimento, a angústia causada pela sensação de falta de sentido da vida, a morte, os aspectos sombrios da liberdade (essa última é bem interessante, pois raramente percebemos a conotação negativa da liberdade).
De acordo com M. Heidegger, existem dois tipos de existência. Esse autor explora de modo profundo o conceito do “Ser e do Ente”, e o “Dasein”, sendo a intelecção da sua obra algo notavelmente difícil. Portanto, no presente texto vamos nos ater aos conceitos da existência no modo Cotidiano e a existência no modo Ontológico, esses últimos sendo a interpretação do Médico-Psiquiatra americano, Irvin D. Yalom, professor emérito da Universidade de Stanford.
No modo Cotidiano, somos consumidos pelas questões do dia a dia, como por exemplo, nossas obrigações, o trabalho, o sustento da família, a manutenção das necessidades concretas da vida e assim por diante. Por outro lado, no modo Ontológico, voltamo-nos às grandes áreas da existência humana, como por exemplo, o sentido da vida, o nosso papel no mundo, as nossas realizações, os projetos que empreendemos e que trazem valor à nossa vida, aos outros e ao mundo.
É inegável que em grande parte do tempo – talvez a maior parte dele – estamos presos ao modo Cotidiano, pois essa manutenção da vida demanda nossa atenção, tempo, investimento, engajamento, energia. A questão é que essa absorção acaba por nos colocar num tipo de “piloto automático”, de maneira que vamos tocando a vida sem muita reflexão e atenção ao modo Ontológico. Esse último, não esqueçamos, tem importância vital na qualidade da nossa existência.
O psicólogo pode convidar o paciente a entrar no modo Ontológico, quando propõe questões do tipo: “você está realmente vivendo a vida que gostaria de viver?”, “qual o sentido da sua existência?”, “se a sua vida terminasse agora, você teria orgulho do caminho percorrido?”, “qual é a vida que merece ser vivida?”. Esses e outros questionamentos podem despertar o paciente que está vivendo uma existência sem sentido, sem propósito e sem valores, funcionando como um catalisador para importantes transformações.
Fontes:
Os Desafios da Terapia (Irvin D. Yalom)
Psicologia Existencial-humanista (Thomas C. Greening)