Ejaculação Prematura

ejaculação prematura

Texto escrito por Marcos A. Pereira

Em escala mundial, mais de 30% dos homens entre 18 e 70 anos sofrem com a Ejaculação Prematura, sendo essa uma condição muito comum.

Qual é o critério diagnóstico para a Ejaculação Prematura (Precoce)?

De acordo com o DSM-V – o Manual Diagnóstico e Estatístico da Associação Americana de Psiquiatria, na sua quinta versão –, podemos dizer que um homem sofre de Ejaculação Prematura (ou precoce) se a ejaculação ocorre dentro de até um minuto após o início da penetração vaginal e antes do desejado pelo indivíduo. É necessário que esteja acontecendo em pelo menos 75% do tempo e há mais de seis meses.

Existem três níveis de gravidade para a disfunção:

  • Leve: a Ejaculação acontece entre 30 segundos e um minuto após a penetração;
  • Moderada: a Ejaculação se dá entre 15 e 30 segundos após a penetração;
  • Grave: a Ejaculação ocorre até mesmo antes da penetração ou em até 15 segundos.

É importantíssimo salientar que esses parâmetros de tempo são de alguma forma arbitrários e que variaram bastante ao longo do tempo. O consenso entre os terapeutas da sexualidade, é que isso é relativo, pois existem homens que experimentam sofrimento emocional mesmo estando fora desses marcadores; e, outros, que estão satisfeitos, mesmo se enquadrando no critério.

Embora o mesmo Manual não faça referências ao sexo anal, à masturbação e ao sexo oral, obviamente, podemos dizer que se nessas atividades a ejaculação estiver ocorrendo como descrito acima, estamos falando da mesma questão. Inclusive, não havendo diferença se o sexo é praticado com mulheres, homens ou pessoas não-binárias.

Quais são os principais fatores que podem contribuir para a Ejaculação Prematura?

  • Relacionamento disfuncional com a (o) parceira (o): comunicação inadequada, pressão, discrepância de desejo para a atividade sexual etc;
  • Vulnerabilidades individuais: histórico de abuso sexual/emocional, má autoimagem corporal, Depressão etc;
  • Estressores: perda de emprego, luto, estresse etc;
  • Fatores culturais / religiosos: inibições em relação ao prazer, ao que é “certo ou errado” em termos da expressão sexual etc.

O que significa Ejaculação Prematura Primária ou Secundária?

Classificamos como primária quando a Ejaculação Prematura acontece ao longo da vida, desde que o indivíduo iniciou as suas primeiras experiências sexuais. Ou seja, esse homem nunca funcionou de outra forma. Nesse caso, a genética deve ser considerada. A estrutura emocional também desempenha o seu papel, com destaque para a Ansiedade.

A Ejaculação Prematura secundária (ou adquirida) é menos compreendida cientificamente do que a primária. Mesmo assim, estudos têm apontado para alguns fatores, entre eles:

  • Hipertiroidismo
  • Prostatite
  • Ansiedade
  • Envelhecimento
  • Disfunção erétil: este último fator podendo cursar com a Ejaculação Prematura, ora sendo a causa, ora sendo o efeito.

Por que os homens têm Ejaculação Prematura?

Muitos homens têm a ativação adrenérgica hiperativa, de modo a favorecer a ansiedade. Isso faz com que o sistema nervoso simpático fique muito ativado, levando o organismo à descarga hormonal, que, por sua vez, leva à ejaculação.

A pressão pela performance na cama, muitas vezes alimentada pelos Mitos Sexuais, pela pornografia e pelo autoesquema sexual, são fatores quase sempre presentes, e que potencializam o problema.

O foco desses homens sai do erotismo e do momento que está sendo vivenciado, passando para a expectativa de aumentar o tempo de duração da latência ejaculatória. Essa preocupação excessiva, paradoxalmente, acelera a ejaculação, pois aumenta a ansiedade.

Como é o tratamento da Ejaculação Prematura?

A Ejaculação Prematura tem várias frentes de tratamento, sendo as principais:

  • Medicamentosa: psicofármacos e anestésicos específicos podem aumentar a latência da ejaculação;
  • Comportamental: algumas atitudes podem favorecer o controle ejaculatório;
  • Cognitiva: o homem reestrutura seu autoesquema sexual e, com isso, tem a possibilidade modificar atitudes que são desfavoráveis ao controle da ejaculação.

O tratamento deve ser sempre personalizado, levando em consideração as particularidades de cada caso. Pode ser suficiente apenas uma terapia, bem como a combinação de duas ou mais.

Quais são as fases da excitação masculina?

A excitação masculina pode ser dividida em três fases:

  • Primeira fase: o pênis ainda não está ereto, entretanto está começando a reagir aos estímulos;
  • Segunda fase: a excitação já está presente; o pênis já está rígido e a penetração pode ser realizada;
  • Terceira fase: a excitabilidade está chegando ao ápice e é iminente o ponto de inevitabilidade.

O homem com Ejaculação Prematura, muitas vezes, não consegue perceber a primeira e segunda fases da excitação. Ele apenas percebe quando o ponto de inevitabilidade chegou.

O que é o ponto de Inevitabilidade ejaculatória?

É o momento em que o homem já não consegue mais evitar a ejaculação. Aprender a perceber quando esse ponto está se aproximando é um dos recursos para se conseguir aumentar o tempo entre o início da atividade sexual e a ejaculação.

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Aumentar o repertório sexual é sempre algo positivo. A penetração é um estímulo muito potente para o homem, favorecendo a resposta ejaculatória. Engajar-se em outras práticas sexuais que não sejam a penetração em si, pode ajudar a trazer um pouco mais de controle.

Quando o homem aprende novas maneiras de expressar a sua sexualidade, diferentemente do velho script “ter uma ereção, penetrar e gozar”, ele pode redirecionar a sua atenção para a sensorialidade. Ou seja, ele passa a colocar o foco naquilo que está sendo vivido no momento do sexo, como, por exemplo, as carícias, os cheiros, os sons, os estímulos visuais, os sabores, a conexão com o par… A percepção passa a priorizar o durante, o caminho percorrido, voltando-se para o intervalo entre o início da relação sexual e o clímax. Isso pode trazer novas percepções, aumentar o prazer e, sobretudo, tirar o peso esmagador da necessidade de performance.

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Fontes para a elaboração deste texto:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/

https://scielo.org/pt/

Instituto Paulista de Sexualidade (2001). Aprimorando a saúde sexual: manual de técnicas de terapia sexual. (2. ed). Summus

Sardinha, A. (2022). 100 mitos sexuais que os profissionais de saúde acreditam. Ebook.

Sardinha, A. (2020). Terapia Cognitiva Sexual. Teoria e Prática. Campo Grande: Episteme.

Carvalho, A; Sardinha, A. (2017). Terapia Cognitiva Sexual. Uma proposta Integrativa na Psicoterapia da Sexualidade. Rio de Janeiro: Editora Cognitiva.

DSM V – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais