
Texto escrito por Marcos A. Pereira
A Síndrome do Pânico está classificada dentro dos transtornos de Ansiedade.
O que é a ansiedade?
A Ansiedade é uma emoção natural e presente em todos os seres humanos. Ela pode ser indesejável em alguns momentos e, em outros, absolutamente vital. Não é tão simples fazer uma distinção, mas podemos dividir a Ansiedade em funcional e disfuncional (ou patológica). Como acontece com outros tipos de emoções, não temos controle algum sobre a Ansiedade, pois ela vem e vai ao sabor dos acontecimentos e nossas interpretações sobre eles.
Essa emoção tem – e teve – um papel fundamental na nossa sobrevivência, especialmente quando consideramos os nossos ancestrais nos ambientes inóspitos em que viveram. É a partir das reações desencadeadas pela Ansiedade, que o nosso corpo nos prepara para uma rápida ação diante do perigo, ativando o sistema de luta ou fuga. Por exemplo, imagine que você está caminhando tranquilamente em um bosque, e de repente um tigre faminto é avistado!
Imediatamente, hormônios como adrenalina e cortisol são despejados no organismo e isso acontece de maneira automática e abrupta, numa fração de segundos, a despeito da sua vontade, preparando você para fugir ou lutar. Então, a partir daí, toda uma orquestração física é deflagrada, resultando em reações como medo intenso, taquicardia (coração acelerado), formigamentos, sudorese, tremores, boca seca, aperto no tórax, etc. Se não fosse assim, você não poderia sobreviver, porque provavelmente não teria uma reação adequada a essa mudança no ambiente. Se você se detivesse para raciocinar quais estratégias poderiam ser tomadas, é certo que viraria a refeição do tigre faminto.
Como se manifesta uma crise de pânico?
Do ponto de vista fisiológico, tanto são semelhantes as reações no corpo desencadeadas pela situação objetiva do tigre faminto na sua frente, quanto em situações mais subjetivas e abstratas, como por exemplo, preocupações difusas, pensamentos, incertezas, dilemas, interpretações distorcidas da realidade; ademais, podemos citar o estresse causado por uma difícil tarefa do trabalho, rompimento de uma relação afetiva, uma preocupação específica, o luto pela perda de alguém importante, a angústia em relação a uma tomada de decisão, etc. Os exemplos vão ao infinito.
Você pode estar se perguntando: como assim? Milhões de pessoas passam por essas situações e não têm ataques de pânico. É verdade, mas, é certo que outros milhares poderão, sim, ter essa reação. A questão que se coloca, é que dependendo do repertório cognitivo/emocional de um sujeito, e sua forma de interpretar a realidade, quaisquer dos eventos citados podem predispô-lo a um nível de ansiedade que desencadeia um ataque de pânico.
Qual a diferença entre um ataque de pânico e a síndrome do pânico?
Quando o indivíduo sucumbir a uma Ansiedade patológica, poderá ter um ataque de Pânico (o que não caracteriza a Síndrome propriamente dita). Pesquisa realizada pelo National Institutes of Health, nos Estados Unidos, mostrou que uma pessoa em cada quatro (25%) terá pelo menos um ataque de Pânico durante a vida.
Por outro lado, quando o indivíduo passa a ter vários ataques, a doença já está instalada, o que justifica o diagnóstico de “Síndrome do Pânico”.
O que complica no caso do Pânico, é que ele pode ser deflagrado sem que a pessoa entenda o porquê. Dito de outra forma, a pessoa pode ter um ataque sem ao menos conseguir perceber uma causa visível ou lógica. Isso faz com que a maioria das pessoas que passam por essa situação, acredite que algo gravíssimo está acontecendo com elas. É comum que antes do diagnóstico correto, o sujeito faça uma peregrinação por prontos-socorros, cardiologistas, neurologistas e afins; que faça exames e mais exames de saúde desnecessários, pois acredita que tem outro tipo de problema. A questão é que os ataques continuam a se repetir, levando o portador a um total desespero.
Quais são as causas da síndrome do pânico?
Sendo o desencadeamento de um ataque de Pânico algo multifatorial, a causa pode ir além dos níveis de Ansiedade experimentados por um indivíduo. Também podemos citar: pensamentos disfuncionais, hábitos desregrados de vida (como privação do sono, má alimentação, ingestão excessiva de cafeína), padrões inadequados de respiração, abuso de álcool e outras drogas, etc. Esse transtorno pode aparecer como comorbidade de outros transtornos, como por exemplo, a Depressão. Estima-se que 6% a 8% da população sofra desse mal. É um transtorno que causa muito sofrimento, porque pode levar o indivíduo ao isolamento e reclusão, fazendo com que atividades normais do dia a dia – como trabalhar, ir ao supermercado, estudar, pegar o metrô, ir a uma festa etc. – se tornem impossíveis.
Quais são os sintomas da síndrome do pânico?
- sensação de morte iminente;
- formigamentos;
- calafrios;
- tontura;
- barriga dura e inchada;
- diarreia;
- náusea;
- medo intenso;
- taquicardia (coração acelerado);
- sudorese;
- tremores;
- boca seca;
- aperto no tórax;
- inquietação;
- necessidade de se movimentar;
- sufocamento;
- fogachos;
- “nó” na garganta;
- pontadas no peito (interpretadas como sendo um ataque do coração);
- sensação de perda de controle e/ou enlouquecimento;
- despersonalização;
- desrealização.
A síndrome do pânico tem cura?
Sim. Se você acha que está sofrendo da Síndrome do Pânico, busque ajuda especializada, pois esse transtorno tem uma ótima resposta ao tratamento em até 90% dos casos e você pode voltar a ter uma vida normal, com qualidade e menos sofrimento. De acordo com as pesquisas científicas mais relevantes, a Terapia Cognitivo-Comportamental tem sido a modalidade de psicoterapia mais eficiente no tratamento deste transtorno, mostrando os resultados mais consistentes e duradouros.
Fontes:
- INEF – Transtornos Mentais
- Mentes com Medo – da Compreensão à Superação (Ana Beatriz B. Silva)
- Tratamento Cognitivo-Comportamental dos Transtornos Psicológicos (Vicente E. Caballo)
- DSM-V – MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS
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