
Embora existam descrições deste transtorno desde o século XVIII, ele ficou abandonado pelos profissionais de saúde mental e meios de comunicação até o final do século XX, quando foram retomados estudos e sua divulgação.
Até os dias atuais, o TOC continua desafiando psicólogos e psiquiatras, sendo um enigma quanto às suas causas, curso clínico e tratamento. Contudo, progressos enormes já foram conquistados. Estudos mostram uma incidência de 2% na população; ocupa o quarto lugar entre os transtornos psiquiátricos mais comuns e é colocado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) entre as dez condições médicas (de todas as especialidades) mais incapacitantes para o individuo atingido. A alta incidência e o enorme sofrimento dos portadores justificam o esforço de pesquisa envolvendo o tema.
A caracterização do transtorno está baseada na ocorrência primária de obsessões e compulsões, com uma diversidade muito grande, o que torna o diagnóstico difícil para os especialistas.
Obsessões são pensamentos, ideias, impulsos e imagens mentais recorrentes, que invadem a cabeça do indivíduo, sendo vivenciados como desagradáveis e causando intenso mal-estar e ansiedade. Já as Compulsões são comportamentos ou atos mentais repetitivos, que são realizados para diminuir a ansiedade causada pelas Obsessões, obedecendo a regras rígidas e que podem ter também a finalidade de tentar evitar uma situação temida.
Quais são as temáticas mais comuns das obsessões? Em geral, envolvem ideias sobre acidentes, perda de pessoas queridas e contaminação; outras se concentram em doenças virais e bacterianas, radioatividade e outros agentes. Também é comum a temática da agressividade: medo de ferir ou matar alguém, de se matar, de prejudicar alguém sem querer, de fazer algo proibido ou embaraçoso, como assediar uma pessoa, xingar ou falar palavrões em uma festa ou em um culto religioso.
E quais são as compulsões mais comuns? Praticamente, qualquer comportamento pode se tornar uma compulsão. São comuns os rituais de lavagem (de objetos, das mãos e banhos). As compulsões de verificação estão relacionadas ao medo de ocasionar danos por imprudência (verificações repetitivas se as portas estão fechadas, se o fogo foi desligado, se os freios do carro estão funcionando, etc.). Ocorrem, ademais, as compulsões de contagem (repetir mentalmente somas e divisões) e busca por simetria nos objetos, nos toques e no caminhar.
Qual é a causa do TOC?
Não existe uma causa única e específica para o TOC, e ainda falta muito para atingirmos um melhor entendimento das suas origens. Há estudos que mostram a importância dos fatores genéticos (elevada incidência em parentes próximos), de fatores cerebrais (alterações específicas em determinados circuitos do cérebro) e estudos sobre componentes psicológicos específicos. A possível causa do TOC deve resultar da interação de fatores genéticos, ambientais e bases neurobiológicas, com fatores próprios do funcionamento psicológico do indivíduo (tendência ao pensamento mágico, perda da delimitação entre o que é pensamento e o que é a realidade)
Só os portadores do TOC apresentam obsessões e compulsões?
Não. Qualquer pessoa pode manifestar obsessões e compulsões. O que os torna características do TOC é a elevada ocorrência, consumindo muito tempo do indivíduo e prejudicando seriamente o seu funcionamento social, profissional e de vida familiar. Alguns portadores podem ficar a maior parte dos dias ocupados com as obsessões e os rituais compulsivos. Há casos em que a pessoa destrói a pele das mãos de tanto lavá-las.
Estudos mostram que, em média, há um intervalo de sete anos desde o início da sintomatologia e a procura de ajuda. O portador do TOC tenta manter em segredo o seu transtorno, tem consciência da falta de sentido de suas obsessões e compulsões e tenta escondê-las ao máximo, mesmo de pessoas com as quais convive intimamente. Geralmente, buscam ajuda quando estão muito deprimidos ou com medo de fazer um grande mal a alguém.
Uma vez instalado, qual é o curso clínico do TOC?
Podemos dizer, de forma geral, que os sintomas obsessivos apresentam flutuações, com períodos de melhora e piora. Não é comum que ocorra uma melhora total, o que leva a uma cronicidade do transtorno. O curso clínico é variável em cada portador, sendo fundamental a análise criteriosa dessas diferenças para a compreensão e tratamento.
É fato reconhecido que o TOC tem um prognóstico ruim, pois as melhoras são parciais e parece não haver uma cura definitiva para o transtorno. Entretanto, os pacientes conseguem uma melhora significativa quando aliam o uso de medicação e psicoterapia. É indicado também a atividade física regular, alimentação saudável e hábitos de vida que contribuam para uma estabilidade mental.
Fonte: INEF – Transtornos Mentais
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